sábado, 12 de dezembro de 2009

ela e a amiga:

- liga pra ele.
- não... ele pode não gostar!
- é mesmo.
- será que eu ligo.
- não sei... você quem sabe. e se ele não gostar?
- acho que ele não vai achar ruim. quero dizer: não sou casada com ele, não é mesmo?
- é por isso mesmo! você não é casada com ele... ainda!
- sim, mas você acha mesmo chato eu ligar?
- pode ser que não seja TÃO chato... então.... ah, liga! e seja o que Deus quiser!
-hum... melhor não.
-é, é melhor mesmo.

ele e o amigo:


- acho que vou ligar pra ela, me passa o telefone ?
- ahãm... toma ai!

querer

eu não quero mais gritar o seu nome.
eu não quero mais ser tão triste.
eu não quero mais comer sorvete de framboesa.
eu não quero mais ir até à padaria as 5:30 da tarde.
eu não quero mais ser infiel a minha louca vontade de sair correndo!
eu não quero mais ser um protótipo de uma vida que não tenho.
eu não quero mais ter fome de homens.
eu não quero mais ser motivos para que falem de mim.
eu não quero mais ser um clichê da sociedade.
eu não quero mais ter que tratar bem pessoas mentirosas.
eu não quero mais fazer escolhas que andam pra trás.
eu não quero mais ser barbie.
eu não quero mais ser pega em flagrante.
eu não quero mais pensar.
eu não quero mais...

sábado, 5 de setembro de 2009

bela rosa

e eu sou a bela rosa que estava procurando
sou a dedicada, a pratica, a gente-fina.
sou a que você gosta de falar por horas, pois tenho assunto.
sou aquela que não está disponível 24 horas pra você.
sou aquela que te ama na hora certa e te odeia na hora mais certa ainda.
eu sou a cobertura do campeonato de futebol e a que faz a melhor batida de maracujá do mundo.
sou aquela que queima sua gravata, mas compra outra mais bonita e te recebe em casa usando somente ela. eu sou o desejo de qualquer um, porque eu não sou nenhuma Amélia. me ama, mas me ama de boca calada que hoje eu estou com vontade de me sentir sozinha...

sábado, 22 de agosto de 2009

analfabeta digital


a filha vira pra mãe:
-mãe, já passa da hora de você aprender a mexer no computador.
a senhora é praticamente analfabeta digital!
-pra que? isso não me serve pra nada!- a mãe retruca.
-mas mãe, hoje todo mundo sabe ao menos ligar um computador...
os dias passam e finalmente a mãe resolve aprender a mexer no pc.
-como eu ligo?-ela pergunta pra filha.
-neste botão.- a filha indica.
-como eu desligo?-no mesmo botão.
passa um tempo, a filha está fronte ao monitor, a mãe aparece,
os olhos esbugalhados, os cabelos levantados, uma expressão insana na cara.
-sai dai...
-não, mãe!
-sai, eu tenho que criar um orkut pra fazer amigos, um blog pra escrever
sobre meu trabalho, um e-mail para me contactarem, um msn, twitter....

sábado, 8 de agosto de 2009

diálogo político :
-o senhor, vossa excelência, ROUBOU os cofres públicos!
o outro com descaso:
-vossa excelência vai me dizer que nunca fez isto?
o político aumenta o tom de voz e dirigi-se aos outros deputados:
- os senhores estão vendo? este senhor sem a menor liberdade moral, está me acusando de assaltar cofres públicos!
- vossa excelencia espere, que um dia eu terei liberdade moral pra acusá-lo disso e do resto, que vossa excelência varre para debaixo do tapete.
o deputado inflama e suas têmporas ficam a vista:
-pois você tem provas disso que está dizendo?
- primeiro que não é voce. é senhor doutor, que eu não sou como seus filhos que compram diploma de curso superior! segundo que seria quase impossível reunir provas das cafajestagens de vossa excelencia, pois vossa excelencia molha a mão de metade da população brasileira, em fins de esconde-las.
o político ofendido até espuma pela boca:
-quem está sendo julgado hoje é o senhor!
o réu com ironia:
-mas vossa excelência não sinta ciumes, que sua vez não vai demorar.
-o senhor passa da conta. seu mandato deve ser caçado!
-deve nada! se começarem a caçar mandatos por caixa dois tão pequenos como o meu, imagina o que vão fazer com o senhor, que leva valores exorbitantes para os cofres da suiça!
-vossa excelência é um filho de uma puta.
o outro indignado:
-está vendo minha gente?! este homem passou da conta!

o chato

o chato se aproxima:
-cara ! há quanto tempo?!
fazia anos que não se viam.
-ah, um bocado não é? mas eu to meio...
-pois é, faz tempo mesmo. e a marcinha, aquela loirinha BOA? tá pegando? tá pegando né? safado!!
o homem o olha sem expressão.
- ela é minha esposa.
o chato não acredita.
-corta essa cara! você, o malandrão pegador? casado? nunca. (risos)
o homem, desconfortável com a situação. o chato o abraçando pelo ombro.
-mas que beca é essa em rapaz? parece até que vai fazer alguma coisa chique.
o homem dá aleluia que o chato notou que sua roupa era cara, terno fino. não podia amassar.
-pois é, não é mesmo? estou atrasado, tenho um importante compromisso.
o chato percebe, finalmente, estar incomodando.
- ô cara, se você tem um compromisso... deve ir, ainda mais você que detesta compromisso.
era mentira, mas o homem ignora o comentário, tinha de aproveitar a brecha, o seu patrão falecera, tinha de ir. o patrão era gente fina, teve um ataque súbito do coração. coitado. homem tão responsável, era criticado, como ele, por ser assíduo. compromissado com seus deveres. seu Justino. até no nome ele era Justo.
-pois é, deixa eu ir então... a gente se fala um outro dia. (no de são nunca á tarde-pensou)
-mas antes cara, tenho que te dar uma notícia, por isso vim aqui na sua casa.
o homem já não aguentáva mais a enrolação. estava enfadado do chato.
-fala... - disse quase sem coragem de ouvir a bobagem dispensável que estava por vir.
-pois é cara... não é nada muito bom.
-então deixa pra outra hora, mais conveniente, pois agora estou muito atrasado, mal posso prestar atenção.
o chato não se importa, meio constrangido, dá adeus ao velho amigo e diz que também está atrasado para um compromisso.
atrasado o caramba!- pensa o homem-ficou foi sem graça!
os dois se vão.
no velório o homem se depara com o chato novamente. estava na borda do caixão. com os olhos vermehos. desolado.
o homem, vira-se para um dos colegas de trabalho:
-o que esse sujeito tá fazendo aqui?
-a coitado dele, não sabia? ele era filho do "homem". chegou aqui dizendo que não tinha nada nesse mundo, que até um amigo muito antigo o dispensara hoje! essas pessoas de hoje, tão sem coração. mas deixe-me ir consolar o filho do chefe, ele está com muitas responsabilidades agora que herdou a empresa. filho único. com uma batata quente dessas na mão, precisa de um ombro amigo.
o colega, sai ajeitando a gravata, e deixando o homem sozinho.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009


dia de circo
dia do circo na praça sete
pra quem não sabe essa é a praça do obelisco de belo horizonte
que pra quem não sabe é a capital de minas gerais
que pra quem não sabe, deveria saber.
bom, mas era dia do circo na praça sete.
tava cheia. com crianças e outras pessoas, todas felizes, alegres e pimponas.
eis que se apresenta um palhaço malabarista com claves, e todas voam alto na praça.
com isso as pessoas pimponas ficam ainda mais saltitantes, mas...
o palhaço erra e as claves caem no chão. minha amiga e mais algumas pessoas aplaudem.
eu não. oras?! ele errou!
pois o rapaz meio magricela, com o rosto pintado, num ato de persistencia, joga novamente os pininhos para o alto. caem duas claves. dou poucos aplausos. um outro palhaço, mais velho, mais gordo, mais brincalhão, se aproxima de mim. e diz que vai chamar o malabarista.
o jovem chega, minha amiga o elogia, eu não. ele não a beija. beija a mim.
feliz dia do circo para aquele palhaço dos olhos verdes que me encantou.