sexta-feira, 28 de maio de 2010

velha infancia.

- Oi, tudo bom?
- não muito.
o homem fica confuso. A resposta da mulher corta qualquer possibilidade de interação.
depois de um terrivel e longo silencio, ele tenta novamente:
- mora aqui?
a mulher descruza os braços e balança negativamente a cabeça; em resposta a sua pergunta. em seguida, ela aperta frenéticamente o botão do elevador; que devia está parado em algum andar.
o homem fica aflito com a reação impaciente da mulher. e tenta um terceiro diálogo, sua voz já trêmula, suas mãos suando:
- o tempo mudou, não é?
a mulher olha o relógio e parece com muita pressa.
- não - ela responde.
o homem já não sabe o que dizer. só estão os dois esperando o elevador. e ele parecia ridículo fazendo aquelas perguntas. então resolveu fazer silencio.
era angustioso esperar que qualquer conhecido do prédio surgisse e ele pudesse puxar assunto sem ser completamente ignorado. era sempre assim. as mulheres bonitas sempre faziam charme... e olha que ele nem era feio. um sujeito boa pinta! na época em que morava no interior, haviam menininhas atrás dele. pena que na capital era tudo tão agitado, tudo rápido demais. nestas horas ele queria ter continuado lá: na roça!
havia até uma mocinha de uns 12 anos, na época. uma menina bonitinha que gostava muito dele. os dois regulavam a idade e deram o primeiro beijo juntos. o nome dela era Ritinha.
ahhh... Ritinha... completamente diferente destas moças neuróticas da capital.

o elevador está demorando muito e o homem, constrangido, resolve subir de escada: " são apenas 4 andares"
ao chegar, seu coração estava pulando pela boca. ele busca as chaves de seu apartamento e então vê a mulher parada em sua porta, retirando uma carta da bolsa. ele não faz barulho, e entra pela porta de serviço.
escuta a campainha tocar e abre a porta depois de uns três "tim-dom"
a mulher parece surpresa:
- você?
- quem a srta. esperava no meu apartamento?
- quem é você?
- eu é quem pergunto. quem é a srta?
a mulher parece atordoada, talvez nem tenha notado que o homem havia subido de escada.
- eu estou procurando uma pessoa neste endereço.
o homem ri dela. há poucos minutos ela o ignorara completamente; agora queria falar com ele?
- eu sou a unica pessoa neste endereço!
- procuro por fabrício. ele não mora mais aqui?
- ô dona, eu sou fabrício. e a srta. quem é?
a mulher se espanta. não poderia ser este o rapaz quem ela estava procurando. o outro era miudo, meio amarelo e magrinho. este outro estava forte, bronzeado de praia e com um jeitão de galã.
- não vai me falar o seu nome?
- é.. sim! vou falar sim...
ela parecia alienada.
- então...
- Rita, eu me mudei pra cá faz um tempo, estou me formando em direito. outro dia falei para uma colega que estava com muita saudade de um velho amigo de infância. disse o nome dele e onde morávamos. e esta colega afirmou que conhecia um fabrício. que vinha da mesma cidade. mais ou menos com a mesma idade do "meu fabrício" e uma série de outras coincidências. então ela me passou este endereço... mas devo ter me enganado. me desculpe...
o queixo do homem caiu. quem diria que aquela seria ritinha. tão bonita.
- acho que sou eu... ritinha!
- fabrício!

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